Os Arautos do Evangelho percorreram as ruas da Paróquia Nossa Senhora das Graças levando a Imagem do Menino Jesus aos lares.
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Ó Cruz, única esperança!
O culto oito vezes
secular à “Santíssima e Vera Cruz” de Caravaca lembra-nos que o Sagrado Madeiro
não é símbolo de morte e de derrota, mas sim anúncio de salvação e caminho
seguro para a glória celeste.
Corria o ano de 1232.
A Península Ibérica encontrava-se ainda em plena Reconquista, dividida em
vários reinos. Sancho II governava em Portugal; Jaime I, em Aragão; e Fernando
III, o Rei Santo, em Leão e Castela.
Do lado muçulmano, o
declínio da dinastia Almóada fora aproveitado por Ibn-Hud para se apossar de
uma ampla região do sul da Espanha e se fazer proclamar emir em Múrcia. A
cidade de Valência, entretanto, era ainda governada por Ceyt Abu-Ceyt,
descendente daquela dinastia. Sob o domínio deste último encontrava-se a
fortaleza de Caravaca, em cujo alcácer, segundo a tradição histórica local,
deu-se no dia 3 de maio desse ano, “um acontecimento maravilhoso e único”.
Acompanhemos o relato
que dele nos fazem as antigas crônicas.
Dando ocupação aos prisioneiros
Encontrando-se
naquela fortaleza, e visando tirar melhor proveito dos prisioneiros que lá
havia, o governador Abu-Ceyt começou a interrogá-los sobre a respectiva
profissão e ocupá-los segundo as respectivas aptidões. Quando chegou a vez do
padre Ginés Pérez Chirinos, o governador perguntou-lhe:
— E tu, que sabes
fazer?
— Eu sei celebrar
Missa.
— O que significa
isso? — replicou Abu-Ceyt.
Padre Ginés
explicou-lhe ser o mais alto e principal encargo do sacerdote cristão celebrar
a Eucaristia, instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo na Última Ceia. Durante
a mesma, esclareceu, o pão e o vinho passam a ser o Corpo e o Sangue do Deus
verdadeiro.
— Não acredito! —
replicou-lhe incrédulo. Mostra-me como isso acontece.
— Se me deres quanto
preciso para celebrar Missa, eu o farei — redarguiu o sacerdote.
Abu-Ceyt aquiesceu.
Feita a lista dos paramentos e alfaias litúrgicas necessários, o alcaide mandou
logo providenciá-los.
Milagrosa aparição da Cruz
No dia seguinte, o
padre Chirinos rezou bem de manhã seu breviário. Logo após, dirigiu-se ao salão
principal da fortaleza, onde fez cuidadosamente todos os preparativos para a
Eucaristia e vestiu os paramentos.
Já seguia rumo ao
improvisado altar para dar início à celebração quando percebeu a ausência do
crucifixo. Sem conseguir explicar como pudera esquecê-lo, disse consternado ao
governador:
— Senhor, falta-me
uma das coisas mais importantes para celebrar a Missa: a Cruz.
— Mas... não é isso
que está em cima da mesa? — perguntou o alcaide apontando para o altar.
O sacerdote voltou-se
e viu, admirado, uma Cruz patriarcal de 17cm de altura com duas hastes
transversais, de 7 e 10cm. Transido de devoção, ajoelhou-se, osculou-a e deu
início à Santa Missa, terminada a qual, Abu-Ceyt pediu para ser batizado.
Oito séculos de devoção
A Cruz de Caravaca é
um lignum crucis — fragmento da verdadeira Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo —
recolhido no interior de um belo relicário. Segundo antiga tradição, este era
usado como cruz peitoral pelo Patriarca de Jerusalém, Dom Roberto, empossado
como Bispo da Cidade Santa no ano de 1099. Daí o seu singular formato, com duas
hastes transversais, símbolo do poder patriarcal.
Sejam quais forem as
circunstâncias em que ela chegou a Caravaca, não se pode duvidar de sua
presença na cidade em pleno século XIII. Já no ano de 1285 sua silhueta é
representada no escudo da municipalidade, e datam da mesma época os primeiros
relatos orais do miraculoso aparecimento.
Desde os primórdios,
a devoção à “Santíssima e Vera Cruz” de Caravaca difundiu-se por todo o mundo
cristão. Da Espanha medieval — onde logo adquire fama de milagrosa protetora na
tormentosa vida fronteiriça— passou para os outros países europeus e
estendeu-se depois às nações americanas.
A partir de 1392 —
quando Clemente VII concede as primeiras indulgências —, os Papas têm outorgado
regularmente privilégios aos peregrinos que acorram a venerar a sagrada
relíquia. Em 1736, é-lhe reconhecido pela Igreja o culto de latria.
Ao longo desses quase
oito séculos, desenvolveu-se também um rico e variado ritual em torno dela:
bênção das flores e dos campos, uma peculiar bênção da água e do vinho, além de
uma espécie de romaria durante a qual a sagrada relíquia visita as casas dos
enfermos impedidos de comparecer à igreja.
Em fins do século XV,
a pequena capela do alcácer de Caravaca foi acrescida de uma nave de maiores
proporções. E, em 1617, iniciou-se a construção da atual Basílica-Santuário.
Também o relicário
que contém o lignum crucis tem passado por sucessivas reformas, sendo o atual
uma maravilhosa obra de ourivesaria, ornada com pedras preciosas.
Revista Arautos do Evangelho n.105 set 2010
terça-feira, 27 de maio de 2014
Refletindo com Padre Pio
Padre Pio abrasado pelo amor a
Nosso Senhor Jesus Cristo empregou sua vida para a salvação das almas. Eis
algumas de suas frases:
“Resigna-te a ser neste momento
uma pequena abelha. E enquanto esperas ser uma grande abelha, ágil, hábil,
capaz de fabricar bom mel, humilha-te com muito amor perante Deus e os homens,
pois Deus fala aos que se mantêm diante dele humildemente”.
“O verdadeiro servo de Deus é
aquele que usa a caridade para com seu próximo, que está decidido a fazer a
vontade de Deus a todo custo, que vive em profunda humildade e
simplicidade”.
“O Santo Rosário é a arma
daqueles que querem vencer todas as batalhas.”
“Amar significa dar aos outros
– especialmente a quem precisa e a quem sofre – o que de melhor temos em nós
mesmos e de nós mesmos; e de dá-lo sorridentes e felizes, renunciando ao nosso
egoísmo, à nossa alegria, ao nosso prazer e ao nosso orgulho”.
quinta-feira, 1 de maio de 2014
domingo, 13 de abril de 2014
O duplo segredo
No fim do século XIX, um virtuoso sacerdote foi injustamente
deportado à Sibéria por guardar o duplo segredo da caridade e da confissão. O
fato, histórico, nos é narrado pela prestigiosa revista “L’Ami du Clergé”,
citando como fonte o jornal “Czas de Cracóvia” dos dias 10 e 13 de fevereiro de
1880.
Em 1853, um sacerdote católico
polonês — o padre Kobélovitch, pároco de Orativ, pequena cidade da Ucrânia —
foi condenado à deportação na Sibéria.
Até então, esse eclesiástico
gozava da melhor reputação possível. Inicialmente, vigário de Biala Tserkva,
havia adquirido fama de excelente pregador e ótimo confessor. Ele era tido como
um dos sacerdotes mais notáveis e zelosos de sua diocese. Nomeado pároco de
Orativ, não tardou em granjear a estima de todos e desdobrou-se em fecundas
atividades. Entre outras realizações, reconstruiu e embelezou em pouco tempo a
igreja paroquial.
Condenado a trabalhos forçados
De repente, para grande
estupefação de todos que o conheciam, o padre Kobélovitch foi acusado de
homicídio. Contra ele existiam as provas mais esmagadoras.
O administrador de uma
propriedade de Orativ tinha sido alvejado por um tiro de fuzil, disparado por
um desconhecido. Imediatamente, várias pessoas acorreram ao presbitério para
chamar o pároco, que era tio da esposa do administrador.
Era uma noite de inverno. O
pároco lá não se encontrava; entretanto, sua cama estava ainda quente. Em vão
procuraram-no por toda parte. Após uma ou duas horas, voltaram ao seu quarto e,
desta vez, acharam-no deitado na cama, dormindo ou parecendo dormir.
Acordaram-no e perguntaram-lhe onde estivera uma hora antes. Visivelmente
perturbado, o padre Kobélovitch declarou não haver-se ausentado e estar
dormindo havia já muito tempo... Isso despertou suspeitas que nem mesmo a dor manifestada
por ele, ao lhe ser anunciado o crime, pôde desviar.
Abriu-se um inquérito judicial.
Por indicação do organista, os policiais descobriram, escondido atrás do altar,
o fuzil de cano duplo do pároco. Era patente que ele tinha sido usado havia
pouco. Esse conjunto de fatos, não era pegar o culpado em flagrante delito?
Consequentemente, o padre foi
detido e encarcerado. Ante o tribunal, protestou inocência, mas negou-se a dar
esclarecimentos sobre sua ausência do presbitério naquela hora da noite. Essa
recusa constituía prova esmagadora contra ele. Assim, foi condenado a trabalhos
forçados para o resto da vida.
Antes, porém, de ser deportado
para a Sibéria, sofreu uma pena ainda mais infamante. O Bispo procedeu à sua
degradação solene, em uma igreja de Jitomir. Entretanto, em meio à multidão que
se acotovelava no templo, só se viam rostos com lágrimas. O próprio Bispo, Dom
Borowski, não conseguiu reter as lágrimas de simpatia para com o sacerdote.
Quanto a este, reafirmou sua inocência mas, sem nada acrescentar, foi deportado
para o distrito de Krasnoyarsk.
Enquanto isto, a esposa do
pristaf (comissário de polícia de Orativ) ficou louca e, em meio a seus
delírios, falava continuamente de padre, de batismo...
— Ele é inocente!...
Salvem-no!... Salvem-no! — repetia ela.
Nenhuma atenção lhe foi dada.
Com efeito, que relação poderia ter essas palavras com o caso do padre
Kobélovitch? E, pouco a pouco, fez-se silêncio na região a respeito da memória
do condenado.
Vinte anos mais tarde
Em 1873, morria em Orativ o
organista da igreja paroquial. Antes de exalar o último suspiro, pediu para
chamar a autoridade judicial. E então, na presença do juiz e de um grande
número de pessoas, confessou ter sido ele quem, vinte anos antes, havia matado
o administrador, pois desejava casar-se com sua mulher, tinha escondido o rifle
atrás do altar e orientado as buscas policiais de maneira a levantar suspeitas
contra o pároco.
Ao mesmo tempo, ele revelou o
legítimo motivo da ausência do padre Kobélovitch. Contou como este, no momento
do crime, encontrava-se numa aldeia vizinha, distante alguns quilômetros de
Orativ. O pristaf — que, em virtude do decreto imperial de 1836, tinha sido
“convertido” à força para o cisma moscovita, mas permanecia secretamente
católico — havia solicitado ao padre Kobélovitch que fosse, durante a noite,
batizar seu último filho.
Durante o processo criminal,
esse funcionário, temendo ser ele mesmo deportado para a Sibéria, nada dissera
em defesa do pároco injustamente acusado. Mais corajosa, ou dotada de uma
consciência mais delicada, sua esposa queria revelar tudo ao tribunal, mas o
marido a fechou em casa, impedindo-a de sair. Ela, então, enlouqueceu e foi
internada no hospício Joulté-Dom, em Vilna. Até sua morte, dois anos depois, a
pobre mulher não cessava de falar de batismo, de sacerdote, do papa ortodoxo,
etc., implorando que se libertasse o inocente. Tudo isso, porém, era tomado
como sintomas ordinários de loucura.
Por fim, o organista declarou
que, após a prisão do pároco, fizera-lhe uma visita e confessara o seu crime.
Era um meio seguro de se prevenir contra toda investigação, porque ele bem
conhecia o caráter heroico daquele santo sacerdote.
Portanto, o padre Kobélovitch
estava submetido, havia vinte anos, a uma punição imerecida.
Se quisesse, bastaria ter dito
uma única palavra para ser salvo. Teria podido facilmente justificar sua
ausência momentânea do presbitério, revelando que tinha ido batizar uma criança
na casa do pristaf. Mas, com isso, teria comprometido aquele homem, violador de
uma lei injusta e odiosa. A caridade pedia-lhe que guardasse silêncio, e ele o
guardou.
Ele conhecia, pela confissão, o
verdadeiro culpado. Com uma simples palavra, seria posto em liberdade. Essa
palavra, um sacerdote de Nosso Senhor Jesus Cristo não pode dizê-la, pois as
leis de Deus e as da Igreja o proíbem.
Diante do tribunal e de seu
Bispo, limitou-se a declarar que era inocente.
Tão logo o organista acabou sua
revelação, tomaram-se providências para conceder a liberdade ao prisioneiro.
Era muito tarde: o heroico confessor tinha falecido alguns dias antes. Até o
fim da vida, guardara o duplo segredo da caridade e da confissão! A memória
desse sacerdote permanecerá imortal. A exemplo de São João Nepomuceno, ele
imolou-se por obediência à Santa Igreja.
(Traduzido de “L’Ami du
Clergé”, nº 52, de 23/12/1880, p. 623, 624)
domingo, 6 de abril de 2014
Juventude e velhice
Um dos grandes temores que
angustiam os homens sem fé, fora de dúvida, é o medo de envelhecer. A visão
materialista reduz a vida humana a uma mera questão fisiológica, negando-lhe os
aspectos metafísicos e sobrenaturais. Tomando esse ponto de vista, haverá maior
desgraça do que ficar velho?
O Cristianismo, pelo contrário,
reconhece esta suprema realidade que é a alma e dá, assim, à existência do
homem um caráter que transcende esta terra e se volta para a eternidade. Há
razões para viver maiores que a própria vida.
Com estas vistas sobrenaturais,
bem compreendemos como homens de grande valor humano e espiritual — por
exemplo, São João Bosco, São Pio X ou São Pio de Pietrelcina — caminharam com
tanta segurança, alegria e mesmo ufania nas vias da ancianidade. Em cada um, o
corpo envelheceu, mas o espírito permaneceu jovem, por estarem eles sempre
voltados para o supremo ideal, que é a glória de Deus e o bem do próximo.
O conhecido escritor americano
de origem alemã, Samuel Ullman (1840-1924), em seu famoso poema Youth
(Juventude), soube traduzir esta cativante questão tão bem solucionada pelo
ensino cristão:
“A juventude não corresponde a
um período de nossa vida, mas sim a um estado de espírito, uma resultante da
vontade, um predicado da imaginação, uma intensidade emotiva, uma vitória da
coragem sobre a timidez, do gosto pela aventura sobre o amor ao conforto.
Não envelhecemos por termos
vivido um certo número de anos. Ficamos velhos porque desertamos nosso ideal.
Os anos enrugam a pele;
renunciar a um ideal enruga a alma. As preocupações, as dúvidas, os temores e
os desesperos, eis os inimigos que, lentamente, nos fazem inclinar rumo à terra
e tornar-nos pó antes da morte.
Jovem é aquele que se assombra
e se maravilha. Assim como um menino insaciável, ele pergunta: “E o que mais?”
Ele desafia os acontecimentos e acha graça no jogo da vida.
Serás tão jovem quanto tua fé;
tão velho quanto tua dúvida. Tão jovem quanto tua confiança em ti mesmo; tão
velho quanto teu abatimento.
Permanecerás jovem enquanto
fores receptivo às mensagens da natureza, do homem e do infinito. Um dia, caso
teu coração tenha sido picado pelo pessimismo e roído pelo cinismo, possa Deus
ter pena de tua pobre alma de ancião!”
Pe.
Fernando Gioia, E.P. Revista Arautos do Evangelho n.71. nov 2007
quarta-feira, 26 de março de 2014
Visita ao orfanato
O Papa
Francisco, em um discurso, conclamou os catequistas a imitarem Cristo, tendo a
coragem de sair de si, de ir às periferias físicas ou espirituais, como a das
crianças que não sabem sequer fazer o Sinal da Cruz, na certeza de lá encontrar
Jesus em cada pessoa necessitada.
Os Arautos do Evangelho - setor feminino - juntamente com um grupo
de jovens da Paróquia Nossa Senhora das Graças visitaram um orfanato oferecendo
um pouco de carinho e alegria, cantaram algumas músicas e rezaram com os órfãos
diante de um oratório de Nossa Senhora de Fátima.
domingo, 9 de março de 2014
A lenda de Santo Elígio
— Que é que tendes, meu
Pai?
Respondeu o Senhor:
— Olha lá no fundo. Lá em
baixo: Vês naquela vila, numa das últimas casas, aquela grande e bela oficina
de ferrador?
— Vejo sim, Senhor.
— Pois bem. Lá está uma
criatura que eu quisera salvar. Chama-se Elígio. É sem dúvida um homem bom,
obediente às minhas leis, caridoso com os pobres, pronto para servir a todos.
Da manhã até à meia-noite ele está sempre aplicado ao trabalho, sem que jamais
escape de sua boca uma blasfêmia ou uma palavra suja. Parece-me mesmo digno de
tornar-se um grande santo.
Jesus perguntou:
— E o que é que o impede
de ser esse grande santo?
— É o orgulho dele, meu
Filho. É um artífice de primeiríssima ordem, mas está convencido de que não há
no mundo quem seja capaz de superá-lo. E tu sabes que presunção significa
perdição.
— Meu Pai, se consentis
que eu desça à terra, tentarei a conversão dele.
— Pois então vá, meu Filho.
Converta-o.
E Jesus desceu à terra.
Vestiu uma roupa de aprendiz de ferreiro, pôs nos ombros uma caixa de
ferramentas, e sem mais, o divino operário pôs-se a caminho da oficina do
Mestre Elígio. À entrada lia-se: "Ferrador Elígio, mestre dos mestres.
Quase sem fogo bate qualquer ferradura".
O jovem aprendiz chegou
até à porta, e descobrindo a cabeça, exclamou:
— Bom dia, mestre! Bom
dia a todos. Se precisam de um ajudante de ferreiro, aqui o tendes.
— Por enquanto, não preciso—
respondeu Elígio.
— Então adeus, mestre.
Ficará para outra vez.
E Jesus continuou o seu
caminho pelo povoado. Logo adiante, topou com um magote de gente em outra
oficina e disse a eles:
— Não pensei que numa
oficina, onde deveria haver muito trabalho, recusassem meu serviço.
— Escuta, meu bom rapaz —
disse o chefe do grupo: — Ao chegar lá, como foi que você saudou o Mestre
Elígio?
— Ora, eu saudei como se
saúda a todos, dizendo: Bom dia, mestre, e a todos que lá trabalham.
— Não, meu caro. Não era
esse o modo de saudá-lo. Você precisava chamá-lo de mestre dos mestres. Não viu o que está
escrito sobre a porta?
— É verdade — disse Jesus.
— Vou tentar novamente. Voltou à oficina e disse:
— Senhor Elígio, mestre
dos mestres, o senhor precisa de um
ajudante?
— Claro que preciso.
Entre. Há trabalho para você também. Mas lembre-se bem do que lhe digo uma vez
por todas. Quando você me saudar, deve chamar-me mestre dos mestres. Não é por
orgulhar-me, mas em toda a terra não se encontram homens como eu, que com duas
escaldaduras batem qualquer ferradura,.
— Na minha terra bate-se a
ferradura com uma escaldadura apenas.
— Com uma só? Ah! meu
rapaz, não venhas contar-me lorotas.
— Pois bem, eu lhe mostrarei
se digo ou não a verdade, senhor mestre de todos os mestres.
E Jesus tomou um pedaço
de ferro, atirou-o ao fogo, soprou e atiçou as brasas. Quando o ferro estava em
brasa, dispôs-se a pegá-lo com a mão.
— Pobre tonto! —
gritou-lhe um dos presentes — tu queres te queimar?
— Não tenhais medo —
replicou Jesus. — Graças a Deus, em nosso país não precisamos de tenazes.
Tomou com uma das mãos o
ferro em brasa, colocou-o sobre a bigorna, e com o seu martelo bateu-o,
deixando-o tão perfeito como ninguém fizera até então.
Mestre Elígio
disse: — Basta que eu queira, e sou capaz de fazer o mesmo.
E de fato tomou uma pedaço
de ferro, lançou-o na forja, soprou e atiçou o fogo. Quando o ferro estava bem
vermelho, quis pegá-lo para levar à bigorna, mas queimaram-lhe os dedos. Quis
fazê-lo depressa e resistir à dor, mas foi obrigado a largar o ferro e recorrer
às tenazes. Entretanto, o ferro esfriou. O pobre Mestre Elígio fez força,
bateu, suou, mas não conseguiu fazer o que fizera o rapaz.
— Escutem — diz o rapaz —
parece-me que ouço o andar de um cavalo.
Mestre Elígio correu à
porta e viu um cavaleiro que parou diante da oficina. Ora, convém saber que
aquele cavaleiro era São Martinho. Ele cumprimentou e disse:
— Venho de muito longe, e
o meu ginete perdeu um par de ferraduras. Preciso encontrar um ferrador.
Mestre Elígio, todo
orgulhoso, assim lhe falou:
— Melhor do que aqui não
encontrareis, senhor cavaleiro. Estais diante do melhor ferrador daqui e de
toda a França. Pode-se dizer com verdade que ele é o mestre dos mestres. Rapaz,
segura um pouco a pata do cavalo.
— Segurar a pata do
cavalo? — observou Jesus. — Em nossa terra isso não é necessário.
— Esta agora é boa! —
gritou mestre Elígio. — Como fazeis para ferrar um cavalo sem segurar a pata?
O rapaz tomou o puxavante
(instrumento para aparar o casco do cavalo), aproximou-se do animal, e com um
golpe lhe cortou o casco, levou-o à oficina e apertou-o no torno. Depois limou
o casco, aplicou-lhe a ferradura nova que acabara de bater, e com o martelo
meteu-lhe os cravos. Em seguida desapertou o torno, levou o casco ao cavalo e
adaptou-o bem. Fazendo um sinal da cruz, disse:
— Meu Deus, fazei que o
sangue estanque.
|
E a pata do cavalo
estava pronta, ferrada e segura, como jamais se vira igual. Enquanto o primeiro
aprendiz arregalava os olhos, Mestre Elígio exclamou:
— Caramba! O mesmo eu hei
de fazer também.
E pôs mãos à obra. Armado
do puxavante , cortou o casco (o pé) do animal. Levou-o para dentro da oficina,
apertou-o no torno e meteu-lhe os cravos, tudo como fizera o rapaz. Depois — e
aqui está o mais difícil — devendo colocar o pé no lugar, aproximou-se do
animal e ajustou-o à perna do melhor modo que pôde. Mas... o sangue escorria, e
o pé caiu no chão.
Agora a alma soberba de
Mestre Elígio se achava confundida. Entrou na oficina, para ajoelhar-se aos pés
do jovem, mas este desaparecera, como desapareceram o cavalo e o cavaleiro. O
pranto inundou o coração do Mestre Elígio. Reconhecera que acima dele, pobre
mortal, havia outro Mestre que era inimitável. Tirou o avental de couro,
abandonou a oficina e pôs-se a percorrer o mundo, anunciando a palavra de Nosso
Senhor Jesus Cristo.
(Fonte: Pe. Francisco
Alves, C.SS.R., "Tesouro de Exemplos" - Vozes,
sábado, 18 de janeiro de 2014
Será possível comprar o Céu?
Pe Carlos Alberto Soares Corrêa
A pergunta
pode causar arrepio. É claro que o Céu não se compra com dinheiro. No entanto,
ele tem o seu “preço”... Qual a “moeda” que tem valor para Deus? Uma bela
história, ocorrida na Alemanha, durante a Idade Média, responde a esta questão.
Gertrudes
era uma freira muito devota de Nossa Senhora. Entre as práticas de piedade
mariana que cultivava, encantava-a sobretudo a Ave-Maria ou “Saudação
Angélica”. Certo dia estava rezando em seu quarto, quando este se iluminou com
uma luz mais intensa que a do sol. Era o próprio Jesus que vinha conversar com
ela. Apesar da majestade da aparição, Santa Gertrudes — pois é dela que falamos
— não interrompeu as orações. Notou, com surpresa, que a cada “Ave-Maria”
recitada, Jesus colocava sobre uma mesa uma linda moeda, de um ouro todo
especial, de um brilho não conhecido nesta terra. Após alguns instantes,
perguntou ela ao Salvador:
—
Senhor, que fazeis?
—
Gertrudes, cada Ave-Maria que você reza lhe obtém uma moeda de ouro para o Céu.
Sim, minha filha, esta é a moeda com a qual se compra o Paraíso.
Orvalho celestial e divino
A
Ave-Maria é o cântico mais belos que podemos entoar em louvor da Mãe de Deus.
Quando a rezamos, louvamos Nossa Senhora por ser um precioso escrínio, cheio
das graças de Deus, de onde se derramam sobre nós; louvamo-La por ser a
escolhida do Senhor, o que a faz bem-aventurada acima de todas as mulheres;
louvamo-La, ainda, pela magnífica encarnação, em seu claustro materno e virginal,
do próprio Verbo de Deus.
Filha dileta
do Pai, Mãe admirável do Filho, Esposa fidelíssima do Espírito Santo. Essa é
Maria, a criatura mais amada, incomparavelmente acima de qualquer outra, pela
Santíssima Trindade.
Assim,
as honras prestadas à Santíssima Virgem são supremamente agradáveis a Deus. De
outro lado, Nossa Senhora é mãe carinhosa e solícita: sempre que rezamos a
Ave-Maria, Ela nos dá o melhor dos seus presentes, que são as graças das quais
transborda. Por isso, os santos mais devotos da Mãe de Deus chamavam esta
preciosa oração de orvalho celestial e divino. Sabemos que o orvalho da
madrugada torna a terra fecunda, dando-lhe a possibilidade de produzir os
frutos mais deliciosos.
A
Saudação Angélica é como um orvalho que prepara nossas almas para praticar as
virtudes mais difíceis e mais maravilhosas: a Fé, a Esperança, a Caridade ou
Amor de Deus, a Pureza. Fecundadas por esse magnífico orvalho, nossas almas
tornam-se belas e agradáveis a Deus.
Além
desse precioso fruto, ela nos comunica uma alegria interior, indispensável para
enfrentar os dramas do nosso mundo tão agitado.
Um
grande devoto de Maria disse estas consoladoras palavras: “Estás aflito? Reza a
Maria; Ela converterá tua tristeza em gozo e tuas aflições em consolo”.
Concluamos com o que disseram a esse respeito os maiores pregadores da devoção
a Maria Santíssima: a Ave-Maria é um ósculo casto e amoroso que se dá em Maria,
é apresentar-Lhe uma rosa vermelha, é oferecer-Lhe uma pérola preciosa, é dar-Lhe
uma taça de néctar divino.
Marcadores:
a Caridade ou Amor de Deus,
a Esperança,
a Pureza.,
Ave-Maria,
Fé,
Santa Gertrudes,
Saudação Angélica,
Será possível comprar o Céu?
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