Até a Quarta-Feira
de Cinzas está sendo celebrado o Tempo Comum da Liturgia, durante o qual são usados
paramentos de cor verde. No início do ano, Tempo do Natal, eles foram brancos,
e na Quaresma passarão a ser de cor roxa. Qual a razão dessa variedade?
Se remontarmos aos
primeiros séculos da Igreja, encontraremos apenas tonalidades brancas, pois os
presbíteros presidiam as celebrações revestidos com túnicas de lã ou linho sem
tingimento, que lembravam a Cristo, o Cordeiro de Deus. Mas, a partir do século
VII, as cores dos paramentos começaram a variar. Baseando-se sobretudo nas
descrições feitas no Livro do Cântico dos Cânticos, associavam-se certas tonalidades
a determinadas festas. Seu uso, porém, diferia conforme a região.
Em 1195, o Cardeal
Lotário, futuro Papa Inocêncio III, publicou um tratado sobre a Santa Missa
intitulado De sacrosancti altaris mysterio, no qual são descritos os costumes
adotados pela Igreja de Roma em relação às cores litúrgicas. Ao ser ele eleito
Pontífice, esses costumes foram se expandindo por todo o Ocidente. As cores branca,
vermelha e preta — mais tarde substituída pelo roxo — começaram a ser usadas de
acordo com critérios quase universais.
Entretanto, será em
1570, durante o pontificado de São Pio V, que a Igreja vai estabelecer
oficialmente as cores litúrgicas para o Rito Romano. Para o Tempo Comum foi
escolhida a cor verde, cujo nome provém do latim viridis, que significa fresco,
florescente. Com frequência associada à ideia de esperança, esta cor simboliza
o desenvolvimento normal da vida litúrgica que floresce de modo especial nos
tempos fortes e produz os frutos das grandes festas e solenidades.
Revista
Arautos do Evangelho – fev 2016