Um dos grandes temores que
angustiam os homens sem fé, fora de dúvida, é o medo de envelhecer. A visão
materialista reduz a vida humana a uma mera questão fisiológica, negando-lhe os
aspectos metafísicos e sobrenaturais. Tomando esse ponto de vista, haverá maior
desgraça do que ficar velho?
O Cristianismo, pelo contrário,
reconhece esta suprema realidade que é a alma e dá, assim, à existência do
homem um caráter que transcende esta terra e se volta para a eternidade. Há
razões para viver maiores que a própria vida.
Com estas vistas sobrenaturais,
bem compreendemos como homens de grande valor humano e espiritual — por
exemplo, São João Bosco, São Pio X ou São Pio de Pietrelcina — caminharam com
tanta segurança, alegria e mesmo ufania nas vias da ancianidade. Em cada um, o
corpo envelheceu, mas o espírito permaneceu jovem, por estarem eles sempre
voltados para o supremo ideal, que é a glória de Deus e o bem do próximo.
O conhecido escritor americano
de origem alemã, Samuel Ullman (1840-1924), em seu famoso poema Youth
(Juventude), soube traduzir esta cativante questão tão bem solucionada pelo
ensino cristão:
“A juventude não corresponde a
um período de nossa vida, mas sim a um estado de espírito, uma resultante da
vontade, um predicado da imaginação, uma intensidade emotiva, uma vitória da
coragem sobre a timidez, do gosto pela aventura sobre o amor ao conforto.
Não envelhecemos por termos
vivido um certo número de anos. Ficamos velhos porque desertamos nosso ideal.
Os anos enrugam a pele;
renunciar a um ideal enruga a alma. As preocupações, as dúvidas, os temores e
os desesperos, eis os inimigos que, lentamente, nos fazem inclinar rumo à terra
e tornar-nos pó antes da morte.
Jovem é aquele que se assombra
e se maravilha. Assim como um menino insaciável, ele pergunta: “E o que mais?”
Ele desafia os acontecimentos e acha graça no jogo da vida.
Serás tão jovem quanto tua fé;
tão velho quanto tua dúvida. Tão jovem quanto tua confiança em ti mesmo; tão
velho quanto teu abatimento.
Permanecerás jovem enquanto
fores receptivo às mensagens da natureza, do homem e do infinito. Um dia, caso
teu coração tenha sido picado pelo pessimismo e roído pelo cinismo, possa Deus
ter pena de tua pobre alma de ancião!”
Pe.
Fernando Gioia, E.P. Revista Arautos do Evangelho n.71. nov 2007
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