Em 17 de dezembro inicia-se a última semana do Advento, denominada pela Igreja de “semana da expectação”, já com as vistas postas na festa do Natal. Durante esse período, a Esposa Mística de Cristo imagina o júbilo e a esperança da Santíssima Virgem diante do fato de que o Messias haveria de nascer, e Ela veria por fim a face bendita do Filho que estava gerando em seu imaculado seio.
A Santíssima Virgem sente aproximar-se o reino de Nosso Senhor Jesus Cristo, restando apenas uma semana para que, pelo nascimento do Salvador, o império de Satanás sofra um golpe mortal e comece a derrocar.
A expectativa de todos os séculos posta na véspera do Natal
Tal conjuntura cumula de esperança a alma da Mãe de Deus, e por isso Ela é chamada, nesse período, Nossa Senhora da Expectação, ou Nossa Senhora da Esperança, ou ainda Nossa Senhora do Ó.
Esta última invocação se explica pelo fato de que, em cada um desses sete dias, a Igreja canta no Ofício Divino uma antífona que começa pela exclamação “Ó” Exprimem elas as alegrias de Nossa Senhora ao perceber dentro de si o Corpo de Jesus já completo, seus primeiros movimentos, e a idéia de que Ele ali orava ao Pai, como de dentro do mais prodigioso dos sacrários, assim como o Santíssimo Sacramento, hoje, reza no interior dos tabernáculos nos altares de todo o mundo.
As antífonas do “Ó”
Sete são as antífonas do “Ó”, e a Igreja as canta com o Magnificat da Hora de Vésperas, desde o dia 17 até o 23 de dezembro. São uma invocação ao Messias, recordando os anseios com que era esperado por todos os povos antes de sua vinda, assim como são uma manifestação do sentimento com que, todos os anos, novamente O espera a Igreja nos dias que precedem a grande solenidade do Nascimento do Salvador.
Chamam-se assim porque todas começam no latim com a exclamação “O”. Também são conhecidas como “antífonas maiores”.
Foram compostas por volta dos séculos VII-VIII e pode-se dizer que representam um extraordinário compêndio da cristologia mais antiga da Igreja, ao mesmo tempo que um expressivo resumo dos desejos de salvação de toda a humanidade, tanto de Israel do Antigo Testamento como da Igreja do Novo Testamento.
São breves orações dirigidas a Nosso Senhor Jesus Cristo que condensam o espírito do Advento e do Natal. A admiração da Igreja diante do mistério de um Deus feito homem: “Ó!”. A compreensão cada vez mais profunda de seu mistério. E a súplica urgente: “Vinde!”.
Após a exclamação inicial, segue-se um título messiânico tomado do Antigo Testamento, mas entendido com a plenitude do Novo. É uma aclamação a Jesus, o Messias, reconhecendo tudo o que Ele significa para nós. Terminam com uma súplica: “vinde e não tardeis mais”.
Ó Sabedoria... Ó Adonai... Ó Raiz de Jessé... Ó Chave de David... Ó Oriente... Ó Rei das nações... Ó Emanuel...
Fazem notar os estudiosos da beleza da Liturgia que, a serem lidas de trás para frente as sete iniciais das palavras seguintes a cada Ó, forma-se a frase (em latim): ero cras — “serei amanhã”. Ou seja, a promessa do Salvador de nascer em breve para nós.
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