sábado, 11 de fevereiro de 2012

Por que os bons sofrem e os maus são premiados?

Os pecados e extravios da humanidade chegaram a um ponto inimaginável e, contudo, observando-se a atitude de Deus para com os homens na vida corrente — protegendo a uns contra a infelicidade e permitindo que ela aconteça a outros — parece, às vezes, que há uma inversão de papéis.
Com frequência, vê-se que o indivíduo iníquo, fraudulento, adúltero ou ladrão é bem sucedido nos seus negócios, nas suas amizades, na sua saúde, dando a idéia de que o pecador sofre pouco nesta Terra. Pelo contrário, analisando-se a existência do homem justo, não raro se verifica que desgraças de toda ordem se abatem sobre ele.
De maneira que, quanto aos bons, para os quais se esperaria um atendimento especialmente solícito, dirse-ia haver uma retração de Deus; e para os maus, o Criador concederia — ou permite que o demônio lhes alcance — tudo para terem uma vida feliz.
Em suma, Deus não impede que os bons sejam provados e sofram de um modo especial, nem que as coisas agradáveis se passem com os maus, quase que recompensados nesta Terra por atos merecedores de castigos. Por quê?
Santo Agostinho o explica de forma luminosa, perguntando-se exatamente qual seria o motivo de os justos não serem premiados nem os maus punidos neste mundo. E responde:
Dados o pecado original e as misérias do homem, se as pessoas ordinárias soubessem que seriam felizes se fossem boas, e infelizes se ruins, por venalidade e interesse elas praticariam o bem e não o mal. Porém, não haveria nisso nenhum amor a Deus, nenhuma adesão à virtude pela virtude, nenhuma aversão à maldade pela maldade. Por exemplo, uma mulher de péssimos costumes evitaria seus desmandos e seria casta, somente porque essa conduta lhe traria uma existência mais aprazível.
Diante dessas circunstâncias, tornar- se-ia quase impossível conduzir esta vida de maneira a diferenciar os bons dos maus, e fazer com que os primeiros provassem seu amor a Deus, e os segundos, pelo contrário, deixassem ver sua infâmia.
Ora, premiando o mau (ou ao menos permitindo que tudo de agradável lhe aconteça), e levando os bons em meio a dificuldades, Deus deixa patente o fato de que os justos seguem os mandamentos d’Ele porque O amam, e não por uma venalidade de oportunistas. A verdadeira virgem não o é por um cálculo de felicidade, e sim porque ama a virgindade. E quem se prostitui, o faz porque é vil e só deseja as vantagens terrenas.
Se assim não fosse, a vida seria incompreensível neste mundo. Ao contrário, dessa forma ela se torna inteligível e acabamos por saber quem é bom e quem é mau. Bons, aqueles que amam a virtude, vão de encontro à dor e dela se revestem como Nosso Senhor Jesus Cristo se deixou revestir da túnica com que depois foi torturado. Maus, os que correm atrás do prazeroso, e geralmente só lhes sobrevêm coisas agradáveis porque são ordinários.
Considerada assim, a felicidade seria quase um sinal do qual se deve suspeitar. Quer dizer, quando tudo é propício a alguém, tomemos cuidado, pois algo de bem pode lhe estar faltando. Por outro lado, ao vermos um coitado a quem sucede tudo de mau, examinemo-lo com simpatia e respeito, pois, embora o infortúnio não represente um signo inequívoco de virtude, é provável que o bem esteja do lado dele.*
Cf  Revista Dr Plinio 78

As irmãs da Sociedade de Vida Apostólica visitam um lar para idosos levando a imagem de Nossa Senhora de Fátima e palavras de esperança.

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