O Pão dos fortes
Nas biografias de
Jacinta e Francisco, os dois pastorinhos de Fátima recentemente elevados à
glória dos altares, leem-se passagens tocantes acerca de seu amor à Sagrada
Eucaristia. Sua intensa devoção a “Jesus escondido” — como, de modo encantador,
referiam-se ao Santíssimo Sacramento — transpareceu de maneira especial durante
a enfermidade que os manteve presos ao leito e os havia de levar, tão jovens
ainda, à sepultura.
“Olhe! Vá à igreja, e dê
muitas saudades minhas a Jesus escondido”, pedia Francisco à sua prima Lúcia.
E, em meio a uma heroica resignação, só lamentava não mais poder rezar e
consolar o Santíssimo Sacramento, na igreja paroquial. Perto de sua partida
deste mundo, receber a Sagrada Comunhão o inundou de felicidade: “Hoje sou mais
feliz do que você”, dizia à irmã, “porque tenho dentro do meu peito a Jesus
escondido”.
Quanto a Jacinta,
costumava recomendar à prima: “Olhe! Diga a Jesus escondido que eu gosto muito
d’Ele, que O amo muito, e que Lhe mando muitas saudades”. E noutra ocasião,
quando Lúcia voltava da igreja, disse-lhe: “Chegue aqui bem junto de mim, porque
você tem em seu coração a Jesus escondido. É tão bom estar com Ele!”
Essas duas crianças,
cuja breve existência foi marcada pelo sacrifício e pela santidade,
deixaram-nos assim um grande e sapiencial ensinamento, cuja lembrança é
especialmente oportuna em vista da festa de Corpus Christi.
Com razão é a Sagrada
Eucaristia chamada de Pão dos fortes, verdadeiro alimento espiritual que não
pode faltar à alma. Sem ele, dificilmente o fiel se manterá nas vias da
virtude. É um pão sobrenatural que dá à inteligência a limpidez necessária para
discernir as verdades da fé, preserva do erro e faz brotar o senso católico.
Nenhum recurso é mais poderoso do que a Sagrada Eucaristia, para
despertar e solidificar as virtudes.
Texto extraído da Revista Dr Plinio 27 jun 2000